VIVO

Pra finalizar minha carreira,

mesmo que não pareça o defunto querer,

peço, sim, uma orquestra.

Pra finalizar minha carreira,

minhas corridas e animadas palavras,

volantes dessa viazinha funesta...

Pra finalizar, queira ou não queira,

há de tocar um montão de alaúdes.

Pra finalizar minha carreira,

pedirei àquela moça que se retire da sala.

Você mesmo, moça que não me lê.

Bárbara sua atriz interna,

que me ilude sem querer.

Morenice das outras peles: luz pelo sol refletida de você

Se toda a tristeza minha veio de um erro de percurso

no que posso chamar por paixão,

parece-me que não... não há razão para deixá-la;

mas levá-la à perfeição...

Longe de mim essa desgraça!

Vade-retro! retrospectiva, invade, lasciva...

Minhas corridas e animadas palavras,

volantes dessa viazinha funesta,

o que me resta para o fim de carreira?

Ficar chorando por besteira?

Eis-me muito vivo,

vivo,

vivo,

vivo,

vivo,

vivo, vivo.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 22/06/2010
Código do texto: T2333900