Pulsantes

Pulsantes correntes de sangue negro

Correm em minhas veias,

Enquanto tenho as mãos atadas por grossas cordas,

Preso ao tronco o castigo espera!

O chicote reluz quando sobe ao alto do cruzeiro

E desce cortando a carne severo.

Os risos de ameaça são ouvidos por todos os lados

Um só gemido o negro não solta,

Pois é valente até no tronco da morte.

Que os céus ouçam a minha prece e que os anjos

Transmitam ao Criador,

Que a minha dor se transforme em luta

E que o homem branco jamais seja dominador.

O corpo derrama suas últimas gotas

De sangue coalhado no leito de morte.

Quem dera eu pudesse fazê-lo beber

Todo esse sangue derramado

Para sentir o gosto da derrota,

A derrota de um corpo preso pela cor,

Embora seu espírito

Ande livre pelo espaço adentro.

Lula Ribeiro
Enviado por Lula Ribeiro em 05/09/2006
Reeditado em 27/10/2021
Código do texto: T233288
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