Pulsantes
Pulsantes correntes de sangue negro
Correm em minhas veias,
Enquanto tenho as mãos atadas por grossas cordas,
Preso ao tronco o castigo espera!
O chicote reluz quando sobe ao alto do cruzeiro
E desce cortando a carne severo.
Os risos de ameaça são ouvidos por todos os lados
Um só gemido o negro não solta,
Pois é valente até no tronco da morte.
Que os céus ouçam a minha prece e que os anjos
Transmitam ao Criador,
Que a minha dor se transforme em luta
E que o homem branco jamais seja dominador.
O corpo derrama suas últimas gotas
De sangue coalhado no leito de morte.
Quem dera eu pudesse fazê-lo beber
Todo esse sangue derramado
Para sentir o gosto da derrota,
A derrota de um corpo preso pela cor,
Embora seu espírito
Ande livre pelo espaço adentro.