Soneto ao último refúgio do poeta

Do corpo ficou a carne que aqui apodrece

E a boca e os olhos antes pintados agora são comida

A luz sucumbe, soterrada em terra frígida

E a alma calada transcende enquanto anoitece.

O meu amor que pouco a pouco fenece

Também pouco espera ter-te de volta Frida,

Pois sem dúvida é cláusula pétrea da vida

O plano fugaz que tanto me entristece.

Se a mim condenas viver sozinho,

Amargo fico, porém aceito

E choro por dura lembrança do reencontro com velho caminho.

Quero que saibas que não me importa deitar ao leito,

Pois sem você não há carinho

Em meu peito desatino, mas falhei ao encontar um outro jeito.

ABandeira
Enviado por ABandeira em 21/06/2010
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