De outras paragens
Minh’alma gitana
De vez em quando aflora
Rompe fronteiras e sai alforriada
Colhe orvalho nos verdes prados
E da relva o seu regaço.
Minh’alma cigana
Descansa sob estrelas salpicadas
E renasce no colo das madrugadas
Enquanto bandolins tocam em noites enluaradas.
Minh’alma cigana baila faceira
No corpo aceso
Que a chamada fogueira inflama
À espera do beijo quente e doce
E da língua atrevida pelos vãos da boca.
Nômade, esquece a sina
E relembra a saga
Escrita na palma da mão
Sem temor, sem senões
Desalinhava os dias
Desarma fronteiras
E sai a passear livre de medos.
Minh’alma tem desejos desacordados
Permanece guerreira
Peregrina pelas frestas do querer
E sem castanholas espera
O tempo que suas raízes retornarão
Mesmo que em outra matéria.