Durmo no colo da noite
O que me cobre é um véu
Feito de céu e estrelas
Não tenho casa nem pátria
Não reconheço fronteiras
A não ser as do pensamento
Ou as da imaginação
Que transponho livremente
Quando tem asas a inspiração
Minha bandeira é um profundo
Que habita bem lá no fundo
De meus olhos de ter visto tudo
A língua que falo traz barulho de rio
E gritos imensos de cascatas
Lamentos de mares navegados
E tem sussurros de ventos
Que me contam o que há longe
Em terras distantes de onde vem
E tem também silêncios imensos
E preces de revoar folhas nas matas
Porque honro uma deusa implacável
Aquela que fez e faz tudo ser assim
Quando me fez de um pensamento
E por seu mero desejo existir palavras
Pelas quais me derramo em essência
E em mais preces em seu nome: Poesia

Não sei quem sou, nem sei se sou
Não sei saber assim sem ser
Nômade, andante, cigano
Peregrino, navegador, errante
Porque meu corpo pesa e fixa-se
Em raízes profundas fincadas na terra
Enquanto a alma tem sede de liberdade
E na emoção das asas voa distante...

(Poesia On Line, em 20/06/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 20/06/2010
Reeditado em 07/08/2021
Código do texto: T2331062
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.