Sombra

Cala em teu corpo a voz que de mim se distancia

No gesto inteiro do momento que te abarca

E a noite que se encobre de açucenas

É mera sombra, velha, rota, fugaz e fraca

E nos teus olhos onde o fim da tarde se anuncia

Empalidecem as cores em outrora luz opaca

Em fraco ouro giram homens e destinos

Seguindo inertes a grave e fria voz de Parca

Ao longe soam iriantes cornetas estridentes

Entoadas pelas Deusas sobre a barca

Por entre a bruma navegam onipotentes

Sob o comando da zelosa Matriarca

Caminhando, pari passu, vem o fim, nossa fortuna

Que pra cada um tem o seu tempo, a sua marca

Extingüe a chama que nos teve neste mundo

Independente do tesouro em nossa arca