A MALDIÇÂO DO BOI DA FARRA
Cientificamente, eu não conheço... um Boi Poeta !
Poeticamente, ele existe; e defende a raça.
Vamos ouvi-lo:
Estou numa campina ampla e bela...
A grama se expande ao longe, em verde tinta !
No horizonte há toda uma aquarela...
Que a... natureza pinta!
Sou um Boi bom!
Um chefe competente
E logo aí no prado ao lado,
A esposa e filhos
-a minha famí1ia!-
Pasta - contente!...
Mas... que multidão é aquela que, empoeirada, se aproxima... lenta?
Parece gente drogada, alcoolizada...
De males... sedenta!!
É a mim que olham!
E chegam! Com facões
Me espetam... me retalham!
De dor me acabo,
Cortam-me também o rabo!!
Piedade! Deus dos bois, piedade!
Em nenhum país eslavo,
Nem na arena da antiga Roma,
Um leão maltratou tanto um escravo,
Esfolando-o, esfolando-o,
Até... a coma!
Piedade!
Piedade!!
Sou um Boi bom,
Um simples animal
Que morre agora, estraçalhado,
Vítima desse... desgraçado...
Folclore... nacional!
Todos os senhores leitores já imaginaram que o Boi está morrendo. Vamos esperar que ele caia e, enquanto isso, façamos um minuto de silêncio...!
Senhores leitores, o que sobrou do Boi cai!
O sangue que dele se solta
Aglutina-se...
Coagula-se!
E moscas verdes, volitantes,
Com apetite,
Já sorriem à sua volta!...
Eis - coisa estranha! –
Vai saindo, devagarzinho,
Uma substancia sutil...
Matéria etérea...
Quase que não se vê...!
E avoluma-se!
E... avoluma-se!
Forma uma boca imensa,
Uma boca... inteira,
Que amaldiçoa então:...
HÁ DE FALTAR CARNE NA MESA BRASILEIRA!
NÃO Só CARNE; TAMBÉM O PÃO!!