O ÚLTIMO GOLPE

Foi expulso da terra

Aquele que não quer seguir a boiada

(boiada essa hegemônica e unida)

Que pensa um mesmo pensamento

Como se fosse um transe coletivo

Boiada que trava a circulação

Do livre pensamento

Anárquico, culto, pragmático ou erudito

Que tem gosto doce, salgado ou Saramago

(isto é, amargo)...

Mais uma vez foi expulso

Porque no mundo da Literatura

A crítica é dura e fria

Insensível, oposto da poesia

E lá está ele novamente

Abismado em sua solidão

Perguntando-se o que mais lhe acontecerá

Até que o relógio bata a meia-noite

E os sonhos se desencantem

Expulsaram do mundo a coragem

Em forma de língua afiada e destemida

Que fala contra Deus, mas se prende ao amor

Combate o reacionismo com a inteligência

E tão poucos conseguem alcançar

A grandiosidade e cultura de sua interferência

Metaforicamente falando contra

Para enaltecer quem se defende sozinho

Desde o princípio até eternamente...

Na comunidade, se faz revolucionário

Num utópico bloco esquerdista

Onde questiona as formas de cultura

Inquire a ditadura da direita hipocrisia

Pois essa ninguém mais atura

Disfarçada de lei do amor e da poesia

Expulsaram novamente...

Mas não eternamente

Pois seus traços estão no meio de nós

E não há ponta, ponto ou ponte

Que nos aponte outra direção

A morte pode calar essa voz

Mas seu sonho de transformar o mundo

Ainda está sendo gestado como um filho...

Janete do Carmo
Enviado por Janete do Carmo em 19/06/2010
Código do texto: T2329141