O CÃO SARNOSO
Surtos de poesia
parecem um cão sarnoso.
Ele coça, coça,
roça minhas pernas
e lambe toda
e qualquer parte do corpo
próxima ao seu focinho.
Dura pouco a insanidade.
Bastam algumas aplicações
sarnicidas e ele está ali de novo,
sacudindo a cauda,
fazendo festa, buscando amigos.
A pele fica feia,
rugosa, insensível,
talvez nem mais interesse ao cão.
Medidas de que o tempo passa.
Celerado.
– Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 26.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/23279