NA GARUPA DA POESIA
Cumpro minha sina de viver
ansioso por caminhos,
novas sendas para
a condenação de estar vivo.
Construo-me na busca de razões
para continuar sendo útil,
semeando idéias, desafios.
Sei do ofício de cantor do Belo,
mas choro o social,
porque o Real é o meu ninho.
A caneta é sempre espada
sobre o pensamento
e o dia seguinte urde suas trampas.
A impotência de relatar alegrias
rasteja, tristonha,
pois o que fica lavrado,
como um arado eterno,
é a palavra.
E esta me crucifica.
– Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 87.
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