Eu e a Morte

Queria eu diante da morte,

Sorrir pela sorte.

De não mais sofrer perante a vida.

Sentiria eu,

Na inevitável partida,

O Alívio terno e belo,

Sorriria feliz e sincero.

E quando deitado,

Desprende-se de meus lábios,

Os últimos suspiros de vida.

Sentiria o ultimo toque do sol

sobre minha gelada face,

O canto industrial da cidade,

E a saliva humidecendo minha boca.

A tristeza seria pouco,

De libertar-me deste corpo falho e humano,

Que sendo eu infeliz de habitá-lo

Pobre inquilino maltratado.

Serei esquecido,como todos são,

Esperando a certeza incerta

do que me aguarda.

Procurando descobrir o sol do outro lado,

Se existir outro lado,

Nem sei se realmente existe espirito.

Se somos carnes que morrem sem sentido,

Que nada semeiam depois de mortas.

Mas mesmo assim

Com a morte a minha porta,

Tomarei café e brindarei a base de risos

minha liberdade,

Diante da incerteza e felicidade,

Adormecerei...