POEMA AMARRADO AO CAIS

Obrigado por haveres vindo,

ó Musa,

e trazeres estes fundos olhos

que cantam o codinome Futuro.

Minha pobre mágica tem, apenas,

o Presente e seus extáticos duendes.

Dou-te, apenas, um par (de brincos)

para que te açoite o vento,

beijando a orelha

entre o suor e o rosto.

Fermenta o mosto em suas bagas (safiras)

ao curso mínimo do tempo

(o único mago verdadeiro),

e o mar beija o caos,

lúdico e humano,

entre cochichos e cansaços.

O hotelzinho portuário

era um barco ancorado,

batendo, batendo.

– Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 35.

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