O DIA AO AVESSO

Destranco a porta

E recomeço.

O arremesso de pássaros em

Debandada é o começo,

Não me animo

Nem me acato,

Ferozmente, o homem lança

A garrafa no riacho...

...

A fúria das águas

É uma ameaça

Real, concreta, cruel.

Sangra o céu em

Desacato.

A natureza devolve

Em brados.

Todo excedente vira morte.

Mas o homem,

Na sua marcha lenta

E anestesiado,

Não detém seu passo.

O alvorecer e o crepúsculo

Não me bastam.

Desanimo e volto

O olhar ao riacho:

Objetos, detritos e

Seres indiferentes,

Ao acaso...

O dia divergente me

Convence.

Tranco a porta,

Do lado de dentro

É mais denso:

O homem, a garça, o riacho...

E o medo.

Na solidão não há segredo!