Algum Lugar do Passado
Em que lugar do passado ficamos nós esquecidos
e em que sótão sombrio guardamos nossas lembranças?
Nossas almas vestiram luto e partiram sem canção,
pegaram rumos diferentes na encruzilhada do destino.
Em que estrada nossos passos deixaram pegadas
e em que deserto a solidão nos levou a viajar?
Nossos olhos não enxergaram na tempestade
nem respiramos mais a mesma essência de nós dois.
Em que mundo nossos sentidos foram parar,
qual a dimensão dessa perda que nos faz vazios de nós?
Não há tato, perdemos as digitais, desconhecemos nossa existência,
porque um dia sucumbiram nossos mais fervorósos sentimentos.
Em que tela poderíamos entrar para eternizarmo-nos,
já que vagamos a esmo nessa saudade de nós?
Que nasça da esperança o verso, e o soneto, de nossa melodia
cantarolada por nossa alma ferida ao espelharmo-nos.
Já que é certo, o tempo jamais retorna,
não seremos mais como outrora, feliz primavera.
Em nossos lábios os sussurros de amor emudeceram,
Mas no silêncio do coração, escuto o clamor por nós.