Poesia sem rima, métrica, dor ou alma
Não me queixo sobre o mal
Sobre a luz desta manhã
Entrando pela janela escancarada
Bem como um coração no asfalto
Espatifado por pular do quinto andar
Luz negra iluminando nossos corpos
Deitados nessa vida sem justiça
Um céu avermelhado na janela
Errada profusão de luz,
No entardecer é menos dia,
Mais agonia
Não se queixando sobre o perfume das flores
Vendo o mal que existe em cada uma delas
Deixando assim seu coração envenado
Dilacerado, sem cura e sem juízo
Mas aproveitando seu doce sabor
Assim que cruzas todo o oceano
E acaba ancorando num porto sem alegria
Ouve a voz que ignora
Toda intensidade de prazer ou dor
Enquanto a maré revoltada,
Naufraga seu navio sem muita carga
Reclino sobre o dia
Monotona calmaria
Não existe sol nem lua,
Apenas a carne nua
Transbordando pelos poros
Poesia assim,
sem rima, métrica, dor ou alma