SERTÃO
Sandra Mamede
 
Na terra tórrida
Seca e sem vida
Onde a água não brota
e a seca mata.
Mata bicho, mata gente
É a morte morrida
Diferente da cidade
Onde a morte é matada.
 
O verde some
 A cor desaparece
A paisagem é nua, crua e sem beleza
A água é rara
E a vida desaparece
Nas rugas secas dos rios
Que sem vida perecem.
 
Às vezes nessa paisagem insólita 
Somente um verde aqui aparece
São os cactos e os mandacarus
Que lutam contra a seca e nunca esmorecem
Parecem reis, altivos, soberanos
Com suas coroas de espinho,
que mesmo o sol castigando
Não tira a sua resistência e vai lutando.
E ao ver seus súditos gritando desesperados
Renascem com seus frutos e suas flores
Dando-lhes o sustento para  sobreviverem.
 
Assim o sertanejo vive nessa luta
Sem ter nada que possa lhe dar prazer
Luta com garra e com muita fé
Para então a fome e a seca vencer
 
Mas a sua grande fé o sustenta
Nunca deixando -o desistir
E essa fé a tudo prevalece
Dando-lhes forças para resistir
Sem nunca perder a esperança
De que um dia o seu sertão vai mudar
Pede a Deus por misericórdia
Pede um milagre para sua terra brotar
Muita chuva e fartura para a vida melhorarem
E nessa terra onde nasceu
Que é o seu ninho que Deus lhe deu
Ele não vai precisar deixar
Pois é ali que quer descansar
Quando seu último suspiro tiver que dar.