OÁSIS DE MAR.
Caminhou pela areia da praia para encontrar- se parada
em meio a beira rio/ beira mar.
Chegou cedo ou tarde...
Havia confusão no firmamento.
Já não era noite e o dia ainda não chegara.
As nuances se misturavam e em plena sintonia/sinfonia
sublime brigavam de brincar para escolher com calma e paz
a melhor cor do dia a surgir em breve.
O coração estava tranquilo,
o momento lhe trouxera descanso e aconchego/ acalanto
não havia lembrança nem vestígio de pranto.
Deitou se na pedra entre o doce e o sal/entre
a noite e o dia,
ouviu as ondas e as cantorias das águas nas pedras.
Talvez tenha adormecido e percebeu que aos
poucos ia nascendo o dia seguinte, novo mistério,
e com ele o incurável desejo de se ver/ter/sentir
seu corpo sendo tocado pelo ser que de olhos
brilhantes sorria para ela da janela de sua alma.
Já não era tão jovenm , mas ao pensar nele resgatava
o guardado/resguardado/respaldado frescor do querer
da juventude " madura".
Queria suas mãos tocando suave/intensamente seu
corpo, seus seios, sua boca, sua língua.
Os cabelos ao vento, o arrepio na pele, o pulsar
mais forte das entranhas/ estranhas portas do prazer.
Ouvia sua voz guardada/ gravada em sua memória,
beijava seu sorriso,
amava o seu amor,
gozava o seu gozo.
Respirava em silêncio para não se despertar do transe.
Cochichava em telepatia com a alma do mundo
para que naquele encontro de águas/cores/luzes/sons,
o sonho não acordasse/despertando tão cedo/precocemente
antes da realidade chegar, sacudindo os alicerces do ser.
De um ser que por algumas frações de segundos/horas de
dias/noites, conseguiu ficar em silenciosa calma
á margem de si mesma.
Com o dia nascendo em definitivo, outros passos
outras ondas,mesmas pedras...
...Outros sonhos.
Que aquele oásis de mar que encontrou/encantou
sua alma, iriam embalar.
Esvaiu se na brisa mensa e fresca e foi se
misturar as nuances do novo e inquietante
dia/ sortilégios a serem desvendados.
Márcia Barcelos.
02/09/1993.