Pedra

O chão enluarado fecunda

teus frementes formatos

de machucar ilusões.

Tua agudeza circular

alucina a mansidão dos passos

entoados por tão finos saltos.

Quando atirada és castigo;

nas consciências polidas em rosários

és objeto de perdão.

Teu veredito certeiro

poda sonhos de ventos

e asas alçadas em vôo.

No caminho do poeta foste verbo

com toda a estranheza

de não soletrar ações.

Nos poemas rebuscados de tédio

és delicada seda

tecida no processo de purificação.

És lápide e leito

aos esforços esperançados

de plantar sombras e colher luz.

És o alvo centrico

e a trajetória estilhaçada

dos olhares perdidos...

És tanto parecendo quase nada

que consegues suprimir

a imensa distância entre o sim e o não.

Denise Reis