Sonhei que o infinito nos recebia em salão de festa,
pássaros abriam bicos em gorjeios tão doces
que eu nunca ouvira antes,
e o roçar de ventos mornos tocavam melodias em romântica seresta,
trazendo vozes e me sussurrando segredos
que deles só entendem os amantes.
Sonhei que meu abraço se abraçava ao teu
e em gozo o corpo delirava,
tudo em torno de nós em êxtase nos festejava,
como se fôssemos o riso e a dor que o mundo nos prepara,
mas nós dançávamos,
e o amor não se importava
com o que corria lá fora além de nós -
colados em pele e alma -
apenas rodávamos...
rodávamos...
rodávamos...
E agora,
além dos versos que componho,
vejo-me daquele paraíso tão estranha,
que diante do vazio do meu quarto
e esse acordar urgente que me chama,
nem sei bem o que faço com o que restou desse meu sonho...