LIVRO DA VIDA *

No livro da minha vida

Revejo o tempo passado

Da inesquecível infância

Tempo que é sempre lembrado.

Bem lá nas primeiras páginas

Vejo minha mãe dizendo:

Filhinho você vai crescer,

Deus vai te ajudar, vai!

E você não fique triste

Por ele ter levado seu pai.

Mamãe teve a triste sorte

De perder o seu marido

Mesmo antes de eu ter nascido.

Nove meses de casada

Oitavo de gravidez

Mamãe sempre fala assim...

Que nos dedos já contavam,

Ansiosos esperavam a primeira flor do jardim

O destino caprichoso e a morte repentina

Destruiu nosso castelo, naqueles sonhos tão belos

Nossa união chegou ao fim,

Estava marcada minha sina.

A cegonha trouxe eu, logo treze dias depois

Que meu pai faleceu.

Ficou a beleza divina, aquela mãe tão menina

Deus, ela e eu só

Então mamãe decidiu, e de sua casa saiu

Fomos pra casa da vovó.

Vovó a mãe da mamãe, com quem fomos morar

Mais três tias e três tios

Que ajudaram me criar.

Nisso eu fui crescendo, rodeado de carinho

Com toda felicidade, pois ali foi o meu ninho

De ternura e de bondade.

E não fica por aí, também nunca esqueci

Da família do papai

Também foi do mesmo feito, do pensamento não sai.

Assim como todo menino, eu tinha o desatino

Prá andar à cavalo, pra ele pegar embalo

Eu fazia upa, upa

Pequeno eu ia no colo, depois passei pra garupa.

Mais logo andei sozinho, no Pequíra e no Pretinho

Que eram mansos de mais

Bons de sela daquele jeito

Não era fácil, como os tais!

Principalmente o Pretinho, tão macio ele marchava

Podia tomar leite no prato, que o leite não derramava.

E a vovó? Ah! Como lembro com prazer

Do seu jeito de respeito, pra ensinar...

Não sabia ler, mas sabia fazer

Nesta Vida... Como plantar para colher.

Vovó, da senhora nunca vou me esquecer.

As carreatas que eu fazia, com meus tios

Carro cheio ou vazio, eu sempre acompanhava

Hoje penso... Quando criança

Pra mim estava ajudando

É certo que atrapalhava.

Na minha infância, ai fui candieiro

Direitinho eu fazia, na frente daquela guia

Marinheiro e Fazendeiro, Manejo e Balancete

Esses quatro e outros mais

Carro cantava doído, pra aqueles centros rurais.

Certo dia, já tinha treze anos

Era sábado, estou lembrado

Eu e o tio fazíamos planos pra segunda-feira

Pegar as toras de madeira e levar pra serraria.

Nós tínhamos já arrastado, com aqueles bois ensinados

Tirando da mata pra fora.

E não foi difícil não! Em toda tora que amarrava

Boiada boa, arrastava, sem precisar de ferrão.

* A referida poesia é de autoria de ( Manoel da Silveira Corrêa - conhecido em Vazante-MG como: Manoel da Tunica). Disponível em: http://rogerioscorrea.blogspot.com