Entrecortados Espelhos da Alma.
Madrugada de brisa fresca e úmida/ única,
oriunda do mar,que refestelado em espumas
se espalha nas ondas que lambem a areia outrora
e daqui a pouco com riscos/risos, passos/ descompassos.
São castelos que se fazem/desfazem ao sabor
do vento e da vida.
Lua tímida no tamanho e esplendorosa
no clarão que irradia nos entrecortados
espelhos de oceano, onde Iemanjá orgulhosa
vem descansar/espiar/ confortar.
Estrelas de um céu coalhado/ coagulado/
congestinado de astros que se cruzam e caem
rasgando o silêncio da noite/sonho.
Ao longe sons, risadas, falas, lágrimas,fadas,
duendes e gnomos que se misturam/ dispersam
e chegam no ar.
Na penumbra da noite/ madrugada,
misteriosa menina que já foi, descansa
pensando no dia em já mulher feita
ficou acordada, fitando o infinito
com saudades daquilo que nunca viveu.
Não sabia ao certo o que era, mas sabia que sentia
falta de vivê-lo...
...saudades do futuro que nem podia
prever.
Poderia andar pela praia deserta e sentir
a água arrepiada com o carinho da brisa mansa
e com os raios da lua a lhe lamber o corpo
de sal/ sol/ estrelas.
Poderia deitar na areia ainda morna e ficar imaginando
o céu em sua imensidão sem limites
ou obter naquele momento/ lugar, o céu como
seu único limite.
Mas preferiu sentir o orvalho se derramando
calmo, doce, fresco e imperceptível
regando as esperanças que farão nascer o
novo dia já á espreita no horizonte
da vida ( que para ela brota á cada madrugada).
Se esqueceu de partir e com o nascer do dia
permaneceu, virando mistura de areia, sal e mar,
fitando o infinito.
Márcia Barcelos.
Fevereiro de 1993.