BATALHA
Ainda hoje,
todos os dias são noites
escuras de bruma densa.
Os pensamentos são como açoites
trazendo dor e tristeza imensa;
lembranças são cacos de vidro
brotando sob meus pés descalços...
E peregrina, alma desvairada,
vou vagando ao léu
e vencendo, um a um,
os infames percalços.
Chorando, praguejo e grito.
Me arrasto às vezes,
mas não desisto pois sei
que a batalha é dura,
que espada corta, que a lança fura,
que a carne rasga, que o sangue escorre,
e eu tenho que ter sempre
escudo e armadura!
E mesmo que
algumas vezes queira,
eu nunca desisto.
Resistente a tudo, eu luto,
eu insisto em empunhar as armas
e, se for preciso,
buscarei a fúria de mil furacões.
E se, para vencer, isso ainda for pouco,
arrasarei o mundo todo em fogo,
me vingarei de todo o logro,
e depois rirei com meus dragões!