PRISÃO

As linhas já não me suportam e eu já não as suporto mais...

Meu corpo é tão pequeno,

e meu orgulho é tão grande...

E minha vontade,

minha vontade de me estourar!

experimentar o mundo,

- essa coisa que tanta gente repudia...

(vã filosofia!)

Quero acabar com a economia,

e me dar a todos esses submundos,

que, arraigadoss e profundos, têm muito mais a dar

que a mesquinhez da virtude, do antipecado - essa ferrugem!

que devia acabar.

Eu armarei sua sabotagem,

enquanto estive vivo e puder sacanear.

Preciso estar liberto.

minha filosofia descreve, não prende...

Analisa, possibilita e surpreende:

assim deve ser minha arte

- o que que escrevo e quem finjo ser

podem ser o mesmo ser, a mesma pessoa...

À toa, à toa, à toa, à toda primeira vez

tudo que é maravilhoso perceber...

Parece que sempre nasci agora...

Toda aurora me encanta,

a linguagem das nuvens, dos galhos de planta,

de tanta coisa que tanta gente repudia...

A alegria não está no céu ou no véu,

mas naquilo que existe, no ato

- em cima do palco, ou em sua frente!

Se atente, me atente, me fale, artiste-se.

Triste vontade minha e sua,

vontade de permanecer sendo-se sempre,

como se fosse errado ser temente

àquilo que parece ser você...

Minha arte é minha arte

e não é retrato de nada, se quer ser...

Tampouco deve dizer das dificuldades do país

ou da caça às baleias...

Se você pudesse ler meus olhos,

ou ler os versos longe de seu significado

mas dentro de sua significância,

sua ânsia terminaria,

essa sua agonia de querer poema político:

pela autoria, pelo momento,

pela liberdade da bobagem:

Aí a bandeira: viaje: da democracia.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 12/06/2010
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