Quero amar.

Quero da vida as coisas mais belas/ breves ou eternas.

Quero da existência calada gritar ao mundo que aqui estou.

Quero que saibam que se ora o brilho me aparece em um sorriso,

por muitas vezes uma lágrima o embaçou.

Quero que do fundo do meu olhar possam ser resgatados os mais

belos momentos que a retina já registrou.Ainda que por vezes até a

Íris perde a cor.

Quero que seja buscado sem medo ou cansaço o som que minha

alma tanto inebriou.

Quero contar estrelas e pétalas de rosas.

Quero ouvir silêncio e calar palavras, em um abafado beijo de amor.

Quero que a mulher madura que sou agora, como que por mágica possa (re)ver/(re)viver e ser (re)vista como a adolescente que há muito já foi.

Quero da vida as claras superfícies de águas calmas ou redemoinhos. Já não importa.

Já não importa quem fui e nem mesmo quem sou/serei.

O que me comove e me desola, me conforta e desconsola, já

não me arranha a vidraça da alma.

O que me lacra os lábios e me deixa inerte é a vontade contida e

por vezes fria de querer (re)buscar em mim mesma, o que em mim mesma deixei se perder.

Os sonhos mais mansos e mais furiosos;

os beijos mais longos/ loucos e gostosos/melosos.

A expectativa de ser sempre alguma coisa nova em uma via-láctea

de constelações de sentimentos, aflitos, renovados,resguardados ou

expostos/impostos.

Quero da vida o que a vida tem para me oferecer de melhor: um

tempo/momento exato para que se transforme em fato o mais puro e

complexo ato de amar.

Márcia Barcelos.

julho de 1993.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 11/06/2010
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