Fagulhas de Estrelas.

Quero dizer que te gosto só de amar.

Sem idéias, explicações/pensamentos/insanidades.

Quero fazer que te amor só de amor.

Com sentimento ( consentimento), sentidos

e emoções.

Quero o riso e lágrima enternecida ou enlutada.

Quero curtir que te amo e é só de amor.

Olho no olho, cara a cara, corpo a corpo, beijo á beijo.

Silêncio é som de infinito...

Quero querer que te amo com intensidade de nunca e

entrega de para sempre.

As pequenas sombras que se projetam no cálido papel, são

apenas palavras frias, penumbras rabiscadas de um rascunho

de afã dos delírios e mistério dos desejos incontidos.

Apenas sombras as palavras no papel.

Ser/não ser refletidos nos sonhos dos amantes...

Meu amor, te escrevo para te ofertar meu poema como

carne, sangue, músculos, nervos e óvulos.

São versos que pulsam/ latejam, gemem e fecundam.

Meu momento se encanta e se desencontra pelo infinito,

tal qual o cio urgente dos animais que seguem livres jogando,

dançando, fazendo amor como faço o poema.

Quero da vida a própria vida, refletida nas claras superfícies

que fogem e se encontram em turbulências e desvarios, que

muitas vezes movem minha alma e me remetem para onde

começam meus afetos.

Te sinto na pele tanto quanto impregnado em meu ser

mais secreto.

Não há limites para o desejo.

O infinito é sempre um (re)começo. Não pode haver limites

para se viver uma paixão.

Talvez, só te ame porque me entregas a paz e o gozo.

Nossa nudez, juntos não se completará nunca,nem mesmo

quando se tornarem quentes e congestionadas, úmidas e

latejantes nossas mucosas. A nudez a dois não acontece jamais.

Podemos nos vestir e nos despir no corpo um do outro...

... Quem sabe para inventarmos deuses na solidão que vive

demais em nós mesmos .

Amar não é tanto, não é quanto. É encanto e enquanto.

Sei agora que devo começar comigo mesma. Verdade.

Não devo, não posso terminar assim, a realidade começa nos

sonhos sonhados á dois dos amantes e não quero,não posso

terminar em mim.

Preciso acreditar na continuidade de um tempo/ momento dentro do outro.

Já não é justo voltar.

Melhor, porque apenas único é o esperar e no vazio deixar

as marcas da presença e das intenções em sinais soltos e bem

visíveis, ao sabor do tempo e da luz.

Símbolos que acabarão por encontrar o intérprete perfeito e

específico do meu amor projetado no infinito.

Fagulhas de estrelas.

Centelhas de amor guardadas com intensidade de momentos de

entrega total, em espaço e tempo únicos. Sem portas, horas ou

mundo.

Migalhas de amor e prazer que vão abastecer cada segundo

de ausência e saudade.

O sorrir com a lembrança. A espera ansiosa pela chegada.

O beijo, o olhar e o afeto refletido e receptado á cada vez

que digo que te amo só por amar.

Márcia Barcelos.

12/09/91.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 09/06/2010
Código do texto: T2309763