PAISAGEM PROPÍCIA...

Eu quero, desejo um riacho!...

Ainda quê,

a água que nele escorra

venha de um simples tacho...

Uma cachoeira, eu quero,

mesmo quê, e assim espero,

seja a fonte dum chuveiro

num regador, enfim, brejeiro

de um zeloso jardineiro

a regar-se em “cá-te-espero”! ...

Uma lua-cheia crua,

como quê, um queijo-coalho,

(esburacada no marfim,

inda por cima, saborosa...)

luz vertida no assoalho

lua acrílica e luminosa,

perdida em meio à rua...

tão desperdiçada, que encrua

no paralelepípedo-pedra, nua!...

Uma noite assim estrelada,

nem que seja um cobertor

de retalhos e fuxicos...

artesanato pobre e rico

qual historinhas de amor...

Enfim, de ti desejo

nem que seja sem ensejo,

o licor desse teu beijo,

com propósito de bebê-lo

com os requintes do fervor

de ferver e refervê-lo

no intestino em desatino

das delícias desse amor...

E o que eu digo em meu poema

está em mim, é meu emblema...

pois que,

tudo o que de mim sai por escrito

é minha alma que se espraia

em raia calma, mas num grito!

(De um sertão cheio de praia!!!)

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 09/06/2010
Reeditado em 09/06/2010
Código do texto: T2309285
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