PAISAGEM PROPÍCIA...
Eu quero, desejo um riacho!...
Ainda quê,
a água que nele escorra
venha de um simples tacho...
Uma cachoeira, eu quero,
mesmo quê, e assim espero,
seja a fonte dum chuveiro
num regador, enfim, brejeiro
de um zeloso jardineiro
a regar-se em “cá-te-espero”! ...
Uma lua-cheia crua,
como quê, um queijo-coalho,
(esburacada no marfim,
inda por cima, saborosa...)
luz vertida no assoalho
lua acrílica e luminosa,
perdida em meio à rua...
tão desperdiçada, que encrua
no paralelepípedo-pedra, nua!...
Uma noite assim estrelada,
nem que seja um cobertor
de retalhos e fuxicos...
artesanato pobre e rico
qual historinhas de amor...
Enfim, de ti desejo
nem que seja sem ensejo,
o licor desse teu beijo,
com propósito de bebê-lo
com os requintes do fervor
de ferver e refervê-lo
no intestino em desatino
das delícias desse amor...
E o que eu digo em meu poema
está em mim, é meu emblema...
pois que,
tudo o que de mim sai por escrito
é minha alma que se espraia
em raia calma, mas num grito!
(De um sertão cheio de praia!!!)