Soneto do amor homógrafo
Está além dos poderes da medicina
Salvar o parceiro que igual uma flor
Foi ceifado pelo caule, eis sua sina:
Sacrificar, como fosse gado, o amor
Mesmo sendo Febo, deus da beleza,
Não há como vencer a morte e a dor.
Se um golpe de Zéfiro traz a tristeza
A inocente disputa tornou-se horror.
Ver Jacinto moribundo na terra nua,
Fez Apolo conhecer a dor das dores,
E surgiu a flor da saudade que cultua
Um amor florescido dentre os imortais.
O amor gravado em sangue gera flores,
Faz que deuses e homens sejam iguais!
Brasília-DF, 03 de junho de 2010.
Inspirada no capítulo VIII do "Livro de Ouro da Mitologia", de Thomas Bulfinch.