Morro do guri sem dinheiro
Há pouco dinheiro na cidade
É preciso correr sem medo.
Crianças choram abandonadas,
Crescem sozinhas nas ruas,
Descobrem cedo o preço da vida
Seja ele branco ou negro.
La no morro o guri abre um olho,
Enquanto o outro descansa da noite passada.
Ao invés de fogos de artifícios ,
Da festa só se houve explosão
Dos fuzis e metralhadoras,
Gritos de moleques baleados.
Nas bocas dos becos escuros,
Mulheres vendendo prazer.
As vezes recebem dinheiro,
Outras vezes só bofetões tão fortes
Que em momentos não podem nem mais ver.
Mais uma madrugada e o dinheiro ainda existe,
Chegando forte nos bolsos de gente mal encarada,
Porém muito fraco ou quase nada ,
No de quem trabalhar insiste,
Varando pela madrugada enquanto a fome ainda persiste.
Agora nem mesmo o dinheiro
Traz de volta a vida vaga.
Vida que existia porém era mui amarga.
Neste novo amanhecer o guri abre novamente o olho,
Trancando o que estava aberto tão forte quanto um ferrolho.
Levanta e sai pelo morro,
Olhando o claro dia.
Contando as cápsulas de bala,
E também os corpos que ali havia.
Contraste de sangue e sol,
Em mais um dia que raiou