O fio da racionalidade

Por passar a vida inteira trancada no seu quarto

ela se via caindo pelos seus embaraços

Sao travisseiros, lençois, discos e alguns maços de cigarros..

Tudo ali , jogado no chao na cama e no banco ao seu lado

Fazia tempo que sua vida passava por um acaso

ela se assistia como se estivesse em um filme

onde sempre terminava sozinha,trancada,esquecida

por todos..

A noite ela custumava abrir a janela para ver a lua

A sua lua nao era bonita, era meia acinzentada ..

o vento fazia zumbidos parecendo lhe ferir..

Sentia o medo da verdade e de toda a estrada

vista dalí,do alto,de cima para baixo

onde suas maos nao pudessem alcançar

Onde o seu grito nao lhe saciava

A sede de se descubrir ..

E foi nessa ansia de saber quem era

Pegou um espelho onde se via por inteira

começou pelos seus vestes

arrancou-lhe seus sapatos e meias

A blusa que lhe asfixiava ..

a saia longa que nao a deixava correr

livremente ..

a roupa intima que prendia a sua sensivel pele

Brincos , joias nao tao valiosas

e a medalha de Nossa Senhora

Soltou o seus cabelos...

Aqueles que nunca deixava cair sobre seus ombros

Olhou profundamente para os seus olhos

Aqueles olhos negros quase castanhos

onde estava quardado grandes segredos

Olhou por longos dois minuntos

onde nao havia nada mais que uma mulher

Nua de cabelos soltos e desgrenhados

As suas roupas e ascessorios era apenas

um involucro superficial que revestia sua pele

Ela era apenas uma mulher de varias cascas

Onde se despiu de varias dela para se ver no seu

estado bruto ..

Mas para isso teria que esquecer de seus padroes

de comportamento e educaçao recebida durante anos

As aulas de dança,musica e linguas ...

Retirou todas as cascas frente ao seu espelho

Quando terminou nada viu,apenas uma femea

onde nem pelo seu nome podia ser chamada

pq este teria tambem jogado fora..

Ela estava somente em seu instinto, sensivel a qualquer alteraçao

ambiente ou ameaça a sua vida ..

Respirava a vida com força,a sua vontade era outra

Ao se apegar no seu ultimo fio de racionalidade

aquele tal fio que fez mudar a ideia de nao viver mais trancada

naquele quarto imundo e sem vida ..

Ja vestida se aconchegou a sua nova vida

Pois para ela tudo ali era diferente

novo,limpo e arrumado ..

tudo estava em seu canto ..

Algo reacendeu os seus olhos,selvagem,livre,brutal

que a fez sorrir perante a vida,mostrando que apesar de grande

tempo jogado fora pela janela que se abria toda noite

Ele ainda existia,so estava esperando o momento

de ser novamente usado.

Lorena Liborio
Enviado por Lorena Liborio em 08/06/2010
Código do texto: T2307757
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