AMOR ATEU.

Amor proibido/ silencioso.

Amor exausto de amar ás sobras de noites

de lua/ penumbras de raios e tardes de breves

intervalos/ intervenções do destino cúmplice e

comparsa dos segredos/ desejos e medos.

Amor cálido/ borbulhante/ fresco...

...incandescente/ silente que apesar de gritar

dentro do peito para não se expandir/ explodir

e implodir as estruturas do ser, apenas pulsa.

Amor sem testemunhas.

Amor de infinito adeus e renovada

esperança de sempre.

Amor fugidío, impassível/ (im)possível/ derradeiro.

Amor que cria/ recria/ destroi.

Amor que transforma em sofreguidão a ausência

em efêmero o encontro.

Amor tonto/ tolo/ tanto.

Amor recatado/ requentado á cada ebulição.

Amor sem canção/ melodia.

Amor sem lápide sem prece/ oração.

Amor de bilhete escondido/ decodificado

guardado do próprio papel/punho/intenção

mas que guarda á fogo a mensagem certeira/ sorrateira

da paixão.

Amor de sobremesa ( curto espaço de tempo e sabor

a ser sempre lembrado e jamais resguardado de se repetir)

ainda que em doses gulosas de homeopatia que deixa o

gosto do beijo e da carne o desejo.

Amor que começa em um hiato e

termina nem longo silêncio de adeus.

Amor que não terá amanhã e que

ousa crer que o ontem será quem sabe

sempre um possível hoje, que nasce

á cada adeus ou encontro.

Amor que não é abençoado pelos homens

mas que por ser amor, sempre terá as bençãos

de Deus, jamais será amor ateu.

Amor que é teu e meu.

Amor sem rumo/ sem direção.

Amor de ponteiros e de sobras/ sombras.

Amor como outro qualquer.

Apenas e tão somente amor.

Márcia Barcelos.

Setembro de 1992.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 08/06/2010
Código do texto: T2307740