MORTE
Náufraga, oceano não engole,
nem devolve.
Raizes flutuam contra o vento,
semi mortas,
A antevisão do terror
não concerne gritos ,
por mais pungente seja o sofrimento.
Salmoura entope poros,
tatua carne viva, com algas mortas,
enquanto o coração estraçalhado,
a garganta vai secando
e o ventre vai molhado,
à deriva,
mutilado.
Camaleônica tenta flutuar,
tecendo o fim da agonia,
fúria eclodindo, demais.
Fragmentada foi sina e suor,
superou todos os limites.
nem chora mais.
Debruçada na areia,
corpo ainda em chamas,
bem distante do mar,
Por fim,
encontrou seu lugar.-
Marilene Garcia / do livro /Mordendo a Língua