MORTE

Náufraga, oceano não engole,

nem devolve.

Raizes flutuam contra o vento,

semi mortas,

A antevisão do terror

não concerne gritos ,

por mais pungente seja o sofrimento.

Salmoura entope poros,

tatua carne viva, com algas mortas,

enquanto o coração estraçalhado,

a garganta vai secando

e o ventre vai molhado,

à deriva,

mutilado.

Camaleônica tenta flutuar,

tecendo o fim da agonia,

fúria eclodindo, demais.

Fragmentada foi sina e suor,

superou todos os limites.

nem chora mais.

Debruçada na areia,

corpo ainda em chamas,

bem distante do mar,

Por fim,

encontrou seu lugar.-

Marilene Garcia / do livro /Mordendo a Língua

xirua
Enviado por xirua em 08/06/2010
Reeditado em 23/07/2010
Código do texto: T2307577
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