[Nascer, Para Quê?]
... e por que a música finalmente chega ao fim,
é preciso coragem para ficar de pé,
e não jogar por terra o olhar,
para opor o desdém ao absurdo,
para esperar a terra que, em breve,
há de cair sobre os meus olhos.
Coragem, coragem para ver-me partir,
para emudecer a minha voz,
para silenciar meus passos agora lentos,
para saber que, enfim, a luta terminou,
que estou quite comigo mesmo,
e pronto para o grande salto.
Não vou mentir - não valeu a pena!
E foi tão rápida e vertiginosa a passagem,
que a pergunta dos meus cinco anos,
agora sim, faz sentido: nascer, para quê?
[Penas do Desterro, 07 de junho de 2010]