Dos desertos e jardins

Preso entre linhas,

Por onde pisa o pé

Cuidadoso e sereno,

Abstrato é o sopé.

Comprometendo

A errante estrutura

Qual hoje padece

Em obtuso refúgio,

Quiçá tu guarneces!

Por entre teus bolsos

Ou em baú esquecido,

Nos olhos de fogo

Que trazia contigo?

Queimar-me de novo

Não hão de fazer,

Desfazer-me em rebolos

Afiando o sentir,

Para torná-lo afável

Controlado por ti,

É o que pretendes,

Prendendo-me aqui?

Faz-se necessário

No peito a abolição,

A força que tinha

Já não trago nas mãos.

Por ventos de outrora

Perdeu-se a cantiga.

Tu faz que ignora,

Ostenta orgulho

Pedante é tua mente

Diante ao marulho.

Que nasce de minhas

Duras palavras,

Atingem como facas

Pois são verossímeis,

São apenas reflexos

Dos teus atos horríveis.

Rio de Janeiro, 23 de janeiro de 2010.

Well Calcagno
Enviado por Well Calcagno em 06/06/2010
Código do texto: T2303269
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