Des(encontro)
Hoje eu tinha um encontro.
Um encontro com o Deus que vive na minha alma.
Virei, vibrei, entediei e não encarei.
Fui ludibriando, quis ir atualizando,
mas no fim, só enganando...
O demônio é poderoso e exige suas prerrogativas.
E eu? Como encaro essa?
Será bom à bessa?
Será que me acabo nessa remessa?
Quero voar.
Quero enfatizar.
Quero sobrepujar.
Mas me contento com o meu olhar.
Este todo atento que tenta dar alento.
E me deixa a suar.
Estou empacada, a vagar, sem insinuar,
Arruinada, angustiada.
Queria estar drogada.
Nada sei.
Nem consigo ser reinventada.
Talvez só com porrada.
Desta vida pancada.
Aqui estou sem quase nada.
Toda entrelaçada, toda “emimesmada”.
Aguardando que os Deuses decidam meu destino.
Sem desatino, sem mesmismos.
Sem ousadia.
Talvez com alguma piromania.
Que encante.
E me imprime: Avante.
Eu decadente, impotente, intermitente.
Irracional, toda plural.
Que se fixa no singular do momento desta experiência
Inescrupulosa e dolorosa.
Esta, somente, da angústia do viver.
Entregue ao presente.
Entregue e sem tecer.
E sem, ao menos, poder.
E só a congelar.
E só a observar.
E só a obedecer.
E só a me indignar.
E só a reclamar.
Mas sou só uma dentre tantas.
A se renegar e, sem envaidecer,
Submeter.
E eu só sou normal, tal e qual.