Motivo da luz
Ó vida, que ao motivo da luz
Segue na escuridão, entrega-se
À beleza, em busca da nobreza,
Fugindo sempre da sofreguidão.
Abastados os que vêem ao menos
O por do sol, simples aos amores
Em vão, momentos tão pequenos
Que se sentem protegidos,
Mas na verdade ao desabrigo estão.
Ó vida, onde alma e coração se prendem
Por emoção e prazer, não se vive por viver,
Não se ama sem querer, principalmente
Se não houver motivo que leve a paixão.
Então da lua se faz seresteiro, o derradeiro
Amor é sempre o primeiro, não há piedade
Nem compaixão, porque ele está na alma
Assim como o dono está para o cão.
Ó vida, como pode ser assim tão célere
Quando há por ti amor verdadeiro?