Procura
Procura
O mundo está só
E barulhento.
Tantas línguas e nenhuma
Que a Terra entenda.
Homens mergulham nas lindas canções,
Para esquecer o som agudo lá fora...
Ó mundo, quadrado mundo,
Cadê a sua peça, que a natureza não rege mais?
O meu desejo e amor sãos,
É pó diante desse chão.
Luto para fugir
Da incerteza que me fadiga
E aspira pela verdade não saciada.
Quero uma simplória razão
Que nasça o regozijo,
Para entorpecer minha tristeza.
Preciso não mais, sem exaltar,
Várias pazes que propaguem
Em meu ser, e que seja
Alva e nada parecido,
Que seja novo.
Almejo amizade de poucas provas,
Provas sem palavras,
Palavras que rompem o silêncio,
Silenciando a soberba.
Mas meus gritos de anseio não ecoam,
No escuro as estrelas lacrimejam
Em vários feixes de luz.
Em silêncio escrevo,
Planto um gesto,
Crio um verso
E deixo crescer meu poema.
Sentimentos em grãos
Perdidos ou soterrados,
Brotam no manto branco,
Onde qualquer dor vira lenda.
Nesta sedenta procura,
Fiquei absorto, chocado,
Ao gerar uma poesia hilariante,
Que acordou um humano
Que antes era gente, sentia pena,
Sentia remorso.
Ressuscitei um morto,
Atraquei no porto
Banhado pelo mar Benevolência,
O orgulho envelhecido.
O sangue ainda estava quente,
Ainda não estava disperso.
As mãos renasceram abertas,
Os abraços para abraçar.
Levantou-se calmamente,
Ergueu os olhos à minha fronte,
Beijou meus olhos com o sorriso,
Abraçou a minha robusta capa
E disse às quatro paredes:
Este livro mudou a minha vida!
A minha procura encerra-se,
Na esquina de cada vida,
Nas linhas deitadas no branco,
Molhadas em cada pranto.
E ser eterno,
Mesmo que meu corpo padeça.
Até o livro consentirá o amarelado tempo.
Mas as palavras vão além do borrão de tinta,
Migrarão etéreas para o coração do mundo.
Daniel Pinheiro Lima Couto
01/09/06