Sensação de despedida
Era noite e sentia sua alma trepida
Vagava pelo tempo seu pensamento
Sentia na face o torpor do cruel vento
Que lhe soprava a sensação de despedida
Sem ter de quem se despedir, e vive errante
Pelas madrugadas sem ter para quem voltar
Das manhãs translúcidas do outono faz de lar
Faz da vida uma jornada alucinante
Desprendido segue por seus vãos caminhos
Sozinho como o vento pela madrugada
Deixo meus esquecidos pelas calçadas
Escuras que vão formando redemoinhos
Diversas dimensões de meu sofrimento
Com os pés e a alma descalços sigo em frente
Como versos aspergidos no céu poente
Rabiscam um mais agradável firmamento
Num vôo audaz dissipo-me em nuvens e brumas
Tal qual a águia hábito um imponente monte
Navego por meus mares sem horizonte
Entre lágrimas, lâminas, sangue e espumas
Vou soprado por vendavais e tempestades
Com a alma trepida, o coração errante
Quanto mais perto de si, de ti mais distante
Escreve nos céus suas próprias verdades...