Não aqui,
cara Poesia.

Mas preciso falar de coisas -
outras tantas que não sejam unicamente o vôo de borboletas lustrosas
em deleite nesses jardins suspensos da imaginação.

Não.
Aqui não.
Mas necessito falar (também) do que é o inferno dos meus dias reais.

Aqueles que nascem com o choro do cachorro, sendo levado pela carrocinha.
Com o frio de solidão que a alma corta em lâmina afiada.
Com a falta de ventos e espaço para meu pensamento empinador de pipas.
Com as sobras do sono de um ontem n´alguma noite mal dormida.
Com o ranger dos meus dentes tesos, à caça de alguma cara para ser mordida.
Com a tristeza espumando boca amarga em janela de luzes apagadas.
Com tudo que nunca foi - e deveria ter sido.

E onde,
diga-me Poesia Amada,
onde devo falar sobre tudo isso?