Antagonismo
Disseram-me, e admito,
Que o elemento frequente,
Presente em meus versos,
É o antagonismo.
Oposição de ideias,
Rivalidade de extremos,
Disputa da razão.
“Antagonismo” soa negativo,
Porém conduz à ponderação,
Proporciona equilíbrio
E confere imparcialidade.
Porque a vida é uma eterna batalha
Entre o estreito bem e o largo mal,
Entre o aparente e o evidente,
O espontâneo e o manipulado,
Entre o golpe e a justiça.
O que é lógico para um
É insano para o outro.
O que é real para alguns
É ilusão para outros.
O iminente para alguém
É longínquo para outrem.
Tudo começou com o escrito
“Não precisa ser perfeito
Para ser ideal”
Onde defendi que
É a irregularidade
Que retrata a beleza,
A leveza, o movimento.
O perfeito é monótono.
Posteriormente escrevi:
“Não precisa ser ideal
Para ser perfeito”
Porque ideal é utópico,
Ilusório, inatingível.
E a vida é simples e boa,
Perfeita com suas imperfeições.
Como aprendi com meu Mestre,
Para que um avião decole
É preciso fortes ventos contrários.
Sem adversidade não há crescimento.
É por isso que diante dos obstáculos,
O sábio se alegra e o tolo se acovarda.
(Catalão, 23/03/2010)