O ANDARILHO

Olhar opaco

Cabelo desmedido

O sorriso consumido

Pelo corpo fraco...

Tinha por teto

O manto implacável

Da noite insaciável;

Por alimento,

O frio indiscreto

Do oco secreto

Que ocupava o vazio estomacal.

Por vezes, o sal

Das lágrimas

Trazia à lembrança

O calor da infância

No abraço do pai

Ou no colo da mãe...

Mas a solidão

Não o deixava muito tempo

Junto com as boas recordações.

Rasgava logo seus pensamentos

Com a violência dos furacões!

E o assobio do vento gélido

Era a única canção que o acompanhava.

Dormir não conseguia.

Caminhar era preciso

Para afastar as ausências

Que tanto incomodava

O seu coração.

Enquanto caminhava, pensava:

“Um dia estarei nos braços de um novo amor!”

***

GILMAR PEREIRA LIMA
Enviado por GILMAR PEREIRA LIMA em 05/06/2010
Reeditado em 17/05/2015
Código do texto: T2301016
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