O ANDARILHO
Olhar opaco
Cabelo desmedido
O sorriso consumido
Pelo corpo fraco...
Tinha por teto
O manto implacável
Da noite insaciável;
Por alimento,
O frio indiscreto
Do oco secreto
Que ocupava o vazio estomacal.
Por vezes, o sal
Das lágrimas
Trazia à lembrança
O calor da infância
No abraço do pai
Ou no colo da mãe...
Mas a solidão
Não o deixava muito tempo
Junto com as boas recordações.
Rasgava logo seus pensamentos
Com a violência dos furacões!
E o assobio do vento gélido
Era a única canção que o acompanhava.
Dormir não conseguia.
Caminhar era preciso
Para afastar as ausências
Que tanto incomodava
O seu coração.
Enquanto caminhava, pensava:
“Um dia estarei nos braços de um novo amor!”
***