O MASTIGAR DOS AFETOS

Nasce o poema entre o beijo

e a noite mal dormida.

Nasce o poema no cansaço

de tantas saudades.

Nasce o poema gargarejando sangue.

Poema com sono e com medo.

Sono dos que sonham o encontro.

Temores dos que sabem das perdas.

Assim o poema vem ao mundo:

doce mastigar dos afetos.

E solfeja em mim a notícia

de que estás viva, mesmo

que te proteja o silêncio.

– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2006/2009.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/229988