A Tua Espera (ANDERSON JULIO)

Em mim um vácuo...

inócuo...

da saudade dura

que me corrói.

E o que dói

é a resposta

de minha solidão

na mesa posta

que arde,

que invade,

e que no fim,

junto com o gim

me destrói.

Ah dor infinda

da falta que fazes!

E ao fazer as pazes

com a esperança

minha alma

te alcança

e se ajoelha

diante de tua boca

vermelha,

e pede compaixão.

Vem agora

porque a manhã adora

te ver aqui

junto aos meus quadris.

E como diz

o poeta infeliz:

me salve,

me queira,

do Leblon

à Madureira,

porque a fogueira

que há em mim

não se apaga

E que ela te traga

quando me olhas assim.

As horas morrem

e me socorrem

nessa cratera

do meu peito

a tua espera.