SANGA SANGA
Vestida de medo e raiva,
de inveja, desgosto e mágoa
e na mais xucra garupa ,
caí junto do alambrado,
por baixo da Lua Nova,
e apanhei uma sova,
por andar junto a peonada,
a cachorrada e os piás,
brincando de pega/pega,
junto aos caraguatás.
E foi então, que aprendí:
- Guria / só com bonecas,
vestido/ meio da perna,
jamais deitada em pelego,
nem solita no galpão,
perna fechada - sentada -
e bem longe da gurizada.
Casa virgem, dorme cedo,
e se casar, geme quieta.
Obedece ao seu homem,
não brinca mais de boneca,
Aquele dia na sanga ,
só de pensar, ( um ódio já me consome ),
aprendí a diferença,
em ser Mulher e ser Homem.-
Marilene Garcia /do Livro MORDENDO A LÍNGUA