Alice em São Petersburgo

O poema morreu no exato momento

em que Alice atravessava a rua,

e Gabriel contemplava sua tristeza.

Enquanto ela pensava:

"Para que servem os anjos?"

No instante em que ela decidiu

que não era bonito tomar sedativos

nem cortar os pulsos uma vez por semana,

não mais se precisou escrever sobre a vida

nem sobre por que os espíritos se dependuram

em nuvens, para observar o circo humano.

Aí o poema deu seu último suspiro.

Deus se retirou da terra,

e o fagote se despedaçou.