De amante a flor-do-vento
O vento que te deu vida também desfolha.
E mesmo a deusa da beleza amou um dia
Foi-se o amado e ficou na flor a memória
O belo amante era tudo aquilo que queria
Tirou–lhe o amado, o javali feroz e rude.
Ferido pela seta um animal torna-se bruto
Transformando para Adônis mata em ataúde
A deusa faz da anêmona símbolo do seu luto
Retornou a Vênus a terra que foi impiedosa
Em seu desespero transforma a dor em flor
Do que foi sangue fez a lembrança gloriosa
Nem mesmo uma deusa pôde salvar seu amado
Mas a morte também não apaga o grande amor
Pois fica o encanto na flor-do-vento conservado.
Brasília-DF, 02 de junho de 2010.
Inspirada no capítulo VIII do "Livro de Ouro da Mitologia", de Thomas Bulfinch.