Valham-me,  Musas!

Não gosto do que escrevo, odeio esse meu mal:
― Deploro ser vencida por palavras.
A minha vocação, pensei que era real,
e o pouco que eu escrevo, já deslavras...
Engendro a fantasia e a dor deste meu gosto
consome a luz que já tive no olhar.
Se um verbo me arrelia, à força do que é posto,
não tenho nem razão de reclamar.
O orgulho me tomou! Sonhei tocar o Olimpo;
mais próxima eu fiquei, foi mesmo de Hades!
Não há glória, nem céu, nas formas que garimpo;
diante do banal, não há vaidades.
Acudam Musas, vós, deusas da inspiração!
Votai-me a forma sem nenhum senão.



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