DAS FÊMEAS

Nem sinto mais

quando me transformo nela.

Se ,quando desmamo um sonho,

quando, desamanso a pele, frente ao macho,

ou quando ele apalpa e eu, eu não me acho.

Lágrimas na metamorfose, do pretenso ato.

Falta de tesão,ousadias ou dor, então,

qual ensimesmado motor,

parado, por falta de combustível

o na indefectível ,contra/mão.

Asfixia ,banais considerações,

movimentos patéticos,

itinerário convexo, saliva que afasto

por falta de orgasmo.

Coberta, por crepúsculos ocasionais,

tal qual, colcha de retalhos,

bordada por istórinhas falsas e banais

ou jogos de baralho,

onde surgem os blefes e

é necessário cacife alto.

Depois /questionamentos:

- Fêmea, apenas uma palavra,

palco de simulação, mãe, ou não,

fonte de insatisfação,

parideira, às vezes, à revelia,

bruaca, às vêzes, sem/serventia,

objeto de cama e mesa . Sangue,suor e nervos

à procura de otário.

Alma gêmea do macho ou apenas: um ovário.-

Marilene Garcia

Do livro : DO ÚTERO AO AGRADÁVEL/ 1985

xirua
Enviado por xirua em 01/06/2010
Código do texto: T2293051
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