DAS FÊMEAS
Nem sinto mais
quando me transformo nela.
Se ,quando desmamo um sonho,
quando, desamanso a pele, frente ao macho,
ou quando ele apalpa e eu, eu não me acho.
Lágrimas na metamorfose, do pretenso ato.
Falta de tesão,ousadias ou dor, então,
qual ensimesmado motor,
parado, por falta de combustível
o na indefectível ,contra/mão.
Asfixia ,banais considerações,
movimentos patéticos,
itinerário convexo, saliva que afasto
por falta de orgasmo.
Coberta, por crepúsculos ocasionais,
tal qual, colcha de retalhos,
bordada por istórinhas falsas e banais
ou jogos de baralho,
onde surgem os blefes e
é necessário cacife alto.
Depois /questionamentos:
- Fêmea, apenas uma palavra,
palco de simulação, mãe, ou não,
fonte de insatisfação,
parideira, às vezes, à revelia,
bruaca, às vêzes, sem/serventia,
objeto de cama e mesa . Sangue,suor e nervos
à procura de otário.
Alma gêmea do macho ou apenas: um ovário.-
Marilene Garcia
Do livro : DO ÚTERO AO AGRADÁVEL/ 1985