Ciranda infante
A vontade que tinha
Era a de ser jogador
Ai veio à ventania
E meu sonho levou.
O sonho que agora tenho
É o de ser colibri
E na mente o que tenho
É folha em branco para colori.
Sempre fui criança
Desde quando nasci
Mas nunca dei relevância
A gente que nunca vi.
Fui tecido por sexo
Pelo amor gerado
O silencio está anexo
Por que meu som já foi gravado.
Tenho medo do mundo
O qual sempre me criei
Agora penso profundo
Em tudo que maltratei.
Sou do pequeno espaço
Extasiado por terras
Nasci num mundo escasso
Das grandes guerras.
Sou filho do norte, isso sei
Nasci num campo lavrado
Fui menino como todos e aprontei
Cantei o hino do mal amado.
Pisei nos calos desconhecidos
Dos pés de quem já lavei
Tomei café amanhecido
Fui menino falo mais uma vez.
Hoje como o próprio pão
Do sonho que já morreu
Trago na mente em vão
Coisas que me aconteceu.
Faço o que ninguém faz
Canto o que ninguém escuta
Levo o que ninguém traz
Crio palavras enxutas.
Já sonhei com tantas coisas
Vi tudo de bonança
Lembrei de coisas doidas
Voltei a ser criança.