CANÇÃO ALÉRGICA
O tom desafinado dos motores,
Diante do olhar primaveril,
Percorre os horizontes de concreto.
E s p a n d e - s e . . .
E s p a n d e - s e !
Confunde-se,
Perante a poesia,
Com a melodia melada
Dos esgotos – rios-esgotos.
Oh! Quantos albatrozes
Povoam o desértico olhar...!
No subúrbio,
Um pássaro voou
De um outro morto;
Um ébrio cachorro caiu
Bebendo água do rio.
Oh! Quanta evasão
Nos frios acordes da “modernagem”!
Da prima ao bordão
Não havia nenhuma harmonia;
Mas o vento insistente
Soprava uma nova canção:
Em dias-sol
Em lixos-lá
Em vidas-si
Em mundos-dó
Embora a tristeza ainda estivesse
Presente em cada olhar.
Oh! Quanta hipocrisia
Se fez moderna poesia!