Máfia das Almas
Nego até à morte,
Nego até a morte,
Para que em cada manhã
Acordem bêbados na intriga,
Até o revogar do inseto,
E que entre os insetos
Por ali mesmo fiquem.
No mais, ali mesmo onde ficam,
Que se engulam e se digiram,
Que se traguem no tabaco do arcano,
Que se injuriem nas lamúrias coletivas,
Embora acordem na sonolência de um conflito
Silencioso ou que retumba,
Interno ou exposto em suas fraturas.
Que a morte, que é dama obtusa,
Traga os viscos em épocas não mais premissas.
Que a roda, que por mais que gire,
Caia no mesmo lugar do qual firmou seus vícios,
Que os passos, silenciosos enquanto se bastam
Tornem-se abissais perante a tudo que se faz de sombra
E que a certeza não nos corrompa à reles almas perdidas.
“Pois do papel que todo se consolida,
Que tanto nas minhas verdades e silêncios insiste,
Torne-me sensível como a ovelha desgarrada,
Porque o meu papel, meu verdadeiro papel
Jaz mais do que corrompido ao nada”.